segunda-feira, 22 de junho de 2009

Por que Muricy caiu


Talvez o leitor já esteja cansado de acompanhar a repercussão do "Adeus Muricy", mas não podemos deixar tal fato escapar. A diretoria do São Paulo sempre fora muito elogiada pelos acertos, porém agora cometeu um dos maiores erros e deu mostras de total desrespeito.

É certo, que o carrancudo treinador não possui o perfil do "gentleman" idealizado pelos senhores do Morumbi. É certo que Muricy perdeu quatro Libertadores (e para times brasileiros). Mas é certo também que ganhou três Campeonatos Brasileiros (em sequência) e sem o tradicional meia de ligação.

Durante pouco mais de três anos e meio no comando da equipe o treinador se viu obrigado, na maioria das vezes a arrumar soluções na base do improviso. Foi assim com Richarlysson, (ora lateral, ora volante), com André Dias (zagueiro e lateral), Jorge Wagner, (de lateral a meia armador). O técnico parecia ter achado a fórmula do sucesso, uma vez que criou uma equipe "quase" que imbatível no cenário nacional e revelou jogadores como, Breno, Alex Silva, Jean e Hernanes.

O último nome parecia ser a jóia rara e que geraria cifras aos dirigentes tricolores. Mas tanto treinador, como jogador acabaram vítimas do insucesso de sua própria diretoria. O São Paulo-09 ainda carecia do tal meia, mas para os senhores da razão "o jovem talento da camisa nº 15 é habilidoso e tem bom passe, o treinador com certeza vai dar um jeito nisso e colocá-lo no meio, assim não precisamos contratar".

Ledo engano, Hernanes é volante de vocação e neste ano não foi bem e conseqüentemente a equipe também não rendeu o esperado na mão de Muricy. O São Paulo sucumbiu diante de suas próprias limitações (ignoradas pela sua diretoria) e também pela prepotência exacerbada ao pensar única e exclusivamente na Libertadores. Desdenhou o Campeonato Paulista e caiu vexatoriamente diante do rival, mas mesmo na competição sul-americana a equipe não dava mostras de sucesso.

No entanto, a maior crise ainda estaria por vir, Washington foi contratado como o salvador da pátria, porém tal fama gerou ciúmes dentro do elenco, Borges, Dagoberto e até André Lima se voltaram contra o "coração-valente". O resultado foi uma queda de produção acentuada do jogador e do elenco.

A situação ficou incontrolável dentro dos vestiários, mesmo assim a diretoria não garantiu nenhum respaldo ao técnico. Em todas as alterações do comandante alguém sempre saía de cara feia. Jorge Wagner foi para o banco, assim como Hernanes (a tal esperança).

Na última quinta-feira, após a derrota para o Cruzeiro a diretoria garantiu que o treinador “estava prestigiado”. Na linguagem do futebol significa: “se perder mais uma, ele caí”. Mas não foi preciso novo jogo e na sexta-feira, Muricy Ramalho deixou o comando do São Paulo Futebol Clube.

A surpresa foi a rapidez no anúncio do novo comandante, em menos de 12 horas, Ricardo Gomes já era dado como substituto. Com certeza, o politizado ex-zagueiro, já estava apalavrado com os senhores do Morumbi. Ou seja, restava apenas a queda do atual para que ele assumisse. Mas nos bastidores os questionamentos são outros, uma vez que o Morumbi está ameaçado de não sediar a Copa do Mundo de 2014, sendo assim Ricardo Gomes teria um bom relacionamento com o outro Ricardo, o Teixeira, em virtude de sua mulher ser filha do mandatário da CBF e uma das responsáveis pelos projetos para 2014.

É clara e notória que as pressões para o estádio sediar a copa são grandes. Donos de camarote reclamam que precisam receber o que pagaram pelo espaço. Desta maneira Juvenal Juvêncio deverá concentrar todos os investimentos no Morumbi, deixando o futebol em segundo plano.

Portanto quem pagou foi o técnico turrão que não se envolve em política e que dá a cara para bater. Que as perspectivas em torno da contratação de Ricardo Gomes não se confirmem, senão mais uma vez o futebol vai perder para o tal jogo de cena de nossos “senhores do ar-condicionado”.
Diogo Patroni

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