segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Egito, ai vamos nós!


O filme é agonizante, irritante e, as vezes, mal rodado, mas o final é sempre um satisfatório déjà vu.


É dessa forma toscamente metafórica que a seleção brasileira sub-20 vem guiando as suas participações nos últimos Sulamericanos da categoria. O início da trajetória no semi-amador certame continental é, invariavelmente, um tanto quanto claudicante, com exibições sufocantes diante de países do eixo bolivariano e afins.


As projeções são sempre as piores possíveis. Nossos garotos, ou grande parte deles, com as faces revestidas de espessas máscaras, pedalam, enfeitam e ludibriam... Ludibriam tão bem que temos a convicção de que estamos assistindo a mais uma geração perdida, que, no máximo, conseguirá relativo sucesso em clubes periféricos do Oriente Médio.


Mas, depois de nos resignarmos com algumas certezas, a pirralhada, numa improvável digressão de animo, resolve crescer na hora mais aguda da disputa. Daí vencem um acertadíssimo Uruguai (em 2007 e agora), derrotam uma Argentina sedenta por vitória num gramado enlameado (eles sempre vencem sob essas condições) e, enfim, pavimentam um caminho tranquilo rumo ao Mundial como se algumas exibições abaixo da crítica fossem um mero detalhe dentro desse roteiro. Foi assim em 2007-aliás, diga-se de passagem, tínhamos uma seleção bem melhor naquela ocasião-será assim na edição de 2009.


Diante deste cenário confuso e repleto de alternativas, nunca saberemos com qual realidade devamos chegar ao mais importante torneio entre seleções sub-20: aquela da equipe despadronizada e inócua ante qualquer oponente, ou aquela que cresce no momento certo, se supera frente as dificuldades e vence quem vier pela frente.


Há dois anos fomos campeões do continente com sobras, em um conjunto que reunia promessas como Pato, Lucas, Danilinho e Leandro Lima. Euforia efêmera, porque, meses depois, no Mundial do Canadá, os canarinhos se classificaram numa indigna terceira colocação num grupo que tinha Coréia do Sul, EUA e Polônia. Depois, foi só apanhar por 4 a 2 para a Espanha nas oitavas para voltarmos ao devido lugar. Portanto, achtung, sem grandes ilusões porque a competição no Egito, em setembro, poderá reservar amarguras aos nosso garotos.

Pobre Argentina...

Contrapondo a normalidade, a Argentina vai fazendo um Sulamericano aquém de suas tradições. Do jeito que vem se postando em campo, os azuis-celestes correm sério risco de ver o Mundial pela TV, o que seria trágico, futebolisticamente falando. Para piorar, essa nova safra que surgiu, comandada pelo competente Sergio Batista, não convenceu ninguém até agora. Nem mesmo as atuações de Emiliano Insúa, lépido defensor que atua no Liverpool, saltou aos olhos.



Ricardo Gomes

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